Um dos mais antigos abrigos de idosos do Distrito Federal correu o risco de ser fechado. Por causa de sucessivas más gestões, o Lar São Francisco de Assis chegou ao limite da desorganização administrativa e financeira, mas foi salvo no final do ano passado após intervenção do Ministério Público do Distrito Federal, que destituiu a diretoria da época e designou novos gestores para a instituição.
Os sete novos gestores designados, todos com experiências em áreas específicas (Advocacia, Administração de Empresas, Contabilidade, Publicidade, TI e Enfermagem) e com disposição para ajudar, continuam tendo um enorme trabalho para colocar a casa em ordem e continuar abrigando com qualidade os 58 internos. Coordenado pelo advogado Leandro Herbert Queiroz Caland, especialista em direito do idoso e com experiência na recuperação de outras quatro instituições, o grupo conseguiu reorganizar a parte administrativa, promover obras de melhorias das instalações, mas ainda faltam recursos financeiros para avançar mais.
Sem ajuda do governo, por causa do descontrole administrativo e financeiro do passado, o Lar São Francisco sobrevive das per captas de dois salários mínimos de cada interno e das contribuições voluntárias. O que ainda é pouco. Uma das alternativas para aumentar essa renda é a realização de eventos. Um deles, é a galinhada beneficente, no dia 9 de setembro, sábado, por apenas R$ 10,00, com direito a refrigerante à vontade e forró com a banda Proibido Cochilar. Quem for e contribuir, terá a oportunidade de adquirir peças de roupa, calçados e moda no bazar com mais 1 mil peças, inclusive parte sem uso doada por lojas parceiras.
Coordenador da galinhada, o publicitário Breno Tavares Borges, um dos sete gestores designados pelo MPDFT, planeja pelo menos um evento beneficente mensal. “Esses recursos vão ajudar no pagamento de parcelas das contas de água e energia, que estavam vencidas e tivemos que negociar com a Caesb e a Ceb”, conta.
Desorganização completa
Outra gestora, Gabriela Veloso de Queiroz, enfermeira, diz que ficou impressionada com a desorganização da casa quando a receberam no final do ano passado. “Não havia qualquer critério na contratação do pessoal, que exige qualificação para tratamento com idoso. Não tinha documentação, arquivo, histórico… nada. Tivemos que refazer tudo”.
Uma das dificuldades enfrentada pelo grupo é a regularização da instituição junto ao governo para o recebimento de verbas. “Uma das exigências é a apresentação de balancetes e balanços financeiros do ano anterior e não tinha nenhum do ano passado e nem de anos anteiores. Por isso, está difícil conseguir a regularização para este ano, mas para o próximo ano está praticamente garantida. Já encaminhamos parte da documentação para o Ministério Público e para a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) e aguardamos a aprovação para o próximo ano”, explica o coordenador Leandro Caland.
O Lar São Francisco tem capacidade para abrigar 62 idosos, divididos entre 4 a 7 por quarto. Atualmente, são 58 internos, entre 48 a 102 anos de idade, e quatro vagas estão disponíveis.