Prestes a completar 20 anos de existência, a banda Kábula, de Águas Claras, mantem o estilo hard rock original desde sua estreia nos palcos brasilienses. Com letras próprias e estilo inconfundível de quem sabe o que está fazendo, a banda vive hoje seu melhor momento. Os anos de estrada não alteraram a essência do grupo, que só tem a comemorar a trajetória estável e consequentemente o amadurecimento dos integrantes no decorrer das duas décadas de história.
O nome, um tanto quanto peculiar, originou-se do verbo cabular, que significa deixar de fazer alguma coisa ou faltar a um compromisso, e é também uma referência à gíria “cabuloso”. O grupo se iniciou após a dissidência da banda Dark Avenger, conhecida internacionalmente, mas que não teve condições de prosseguir com seu trabalho. Os então amigos e vizinhos que moravam no Cruzeiro, apesar das ocupações com trabalho e estudo, decidiram remodelar e começar a banda Kábula em 1998.
Atualmente, a banda é composta por Wagner Marcelo no baixo, Osiris Di Castro na guitarra, Reinaldo Carvalho na bateria e Ricardo da Rocha no vocal. Nesses 20 anos de história, foram produzidos três CDs (1999, 2001, 2009), um DVD gravado ao vivo em 2012, e dezenas de clipes disponíveis no canal da banda no YouTube e pretende em breve lançar um novo trabalho, já que a banda não para de compor e trabalhar em prol da difusão da boa música brasiliense. A previsão seria de lançar um CD em 2017, mas devido aos compromissos já assumidos, o projeto foi prorrogado para o ano que vem.
O segredo para se manter no cenário musical de Brasília e compor tantas obras de um gênero musical tão específico como é o hard rock vem da própria história da banda e da influência que cada músico traz para o grupo. “Um integrante é influenciado por Iron Maiden, outro por AC/DC, outro por Raul Seixas, Zé Ramalho, e quando nos reunimos para compor mesclamos tudo e o resultado é o som da banda Kábula”, afirma o vocalista Ricardo da Rocha.
As letras das músicas são em sua maioria uma analogia ao cenário político e do cotidiano, porém feitas com muita discrição, e só os mais atentos conseguem fazer a conexão entre o artístico e o factual. Um exemplo é a letra da Nau Flagrada, de Ricardo WR. “Acordei, não era um deus e de nada era senhor. Era um mero passageiro de um navio assustador, que navegava à deriva, com piratas de gravata. Quinhentos e noventa e quatro homens da cara de pau. Um lugar bem deprimente, onde vivem os mortais.”
Onde se apresenta
A banda Kábula se apresenta principalmente em festivais Undergrounds, casas noturnas, e eventos voltados para o Rock. Quem quiser conferir o som da banda e fazer uma boa ação, no dia 21 de outubro eles se apresentam no evento beneficente Rockriança, na área verde atrás do Quiosque Cultural Aftosa em Taguatinga. A entrada é mediante a doação de
um brinquedo em bom estado, roupas ou livros, que serão destinados a uma comunidade carente. Dia 27 de outubro a banda se apresenta no Saloon Red Rock na QI 616 em Samambaia.
Mesmo com uma carreira equilibrada, viver exclusivamente da música não é uma tarefa tão simples. Ricardo da Rocha destaca que as principais dificuldades encontradas em Brasília, o principal é a falta de espaços próprios para as apresentações. “O nosso ritmo por natureza não é tão fácil de ser apresentado em qualquer espaço. Brasília foi reconhecida oficialmente em 2014 como a “capital do rock”, mas não há investimentos por parte do governo para manter esse título ou incentivar o estilo musical. Faltam espaços para que as bandas façam suas apresentações e eventos”, pontua.
No currículo da Kábula estão as memoráveis apresentações no Porão do Rock, Moto Capital, Brasília Fest Rock, Ferrock, Rock Cerrado e no Quaresmada, além de shows em São Paulo, Goiânia e Rio Grande do Sul. Ainda assim, o líder da banda diz que estão vivendo agora o melhor momento d
a banda. “Hoje estamos mais amadurecidos, somos muito realizados. Apesar de estarmos velhos, durante toda a vida fizemos o que amamos e nunca nos colocaram cabresto, nunca seguimos ordem de ninguém. Nosso t
rabalho foi tranquilo e prazeroso, tudo a seu tempo”, afirma Ricardo.
O passar dos anos trouxe para os integrantes ainda mais vontade de fazer o trabalho com excelência. “Não temos mais idade de subir no palco e brincar de tocar, ou fazer algo mal feito, temos vergonha na cara e prezamos pela carreira que traçamos”, pondera o vocalista. Para ele, a banda Kábula faz um trabalho profissional, porém com tanto prazer que chega a ser considerado um hobby. Eles se encontram religiosamente toda semana para ensaiar e conferir as ideias.