Aos 40 anos de idade e mãe de quatro filhos, Mariângela Coelho acabava de desmamar a filha caçula quando percebeu um pequeno caroço na mama através do autoexame. Imaginou que duas gestações seguidas e longos períodos de amamentação tivessem acarretado no pequeno caroço. Mas ele continuou a crescer. Sem muita preocupação, Mariângela marcou um médico e fez a mamografia, em seguida viajou de férias com a família. Dois dias antes de voltar para Águas Claras, onde mora há 10 anos, ainda na Bahia o laboratório ligou informando que o resultado estava pronto, mas que ela deveria buscá-lo na presença do médico responsável. “Preocupei-me pela primeira vez, orei, chorei”, lembra Mariângela.
Com o resultado em mãos, ela foi direto para a consulta com a médica mastologista, que pediu outros exames para confirmar e o resultado foi o mais indesejado possível, Carcinoma ductual infriltante. Tinham três nódulos, um benigno na mama esquerda e um maligno na mama direita, e o outro não foi possível a punção por estar atrás do músculo. Após um mês de tratamento, Mari precisou raspar completamente o cabelo, e encontrou na família e amigos as reações mais lindas e de apoio. Os filhos a elogiavam constantemente e as amigas a acompanhava no uso dos lenços.
Neste que foi um dos momentos mais difíceis de sua vida, Mari tinha a convicção que havia se tornado outra pessoa, melhor e mais forte. Os cabelos logo nasceriam, as unhas iriam se recuperar, o corpo desinchar, mas sua mente nunca esqueceria quem ela é de fato, a sua gratidão pela vida, pelos amigos e família. Depois de 16 sessões de quimioterapia e cirurgia para retirada da mama, hoje ela está em tratamento profilático para evitar o reaparecimento da doença e comemora um ano e meio sem quimioterapia. Juntamente com a dor e o aprendizado, Mariângela criou uma página no Facebook para ajudar outras mulheres que estão no mesmo processo pelo qual ela passou e na época se sentiu um pouco perdida, já que não conhecia ninguém que tivesse convivido com o câncer. Na página Eu venci o Câncer de Mama, ela compartilha os momentos mais intensos pelos quais passou e como conseguiu superar essa fase da vida.
Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a aplicação de hábitos saudáveis, entre eles, a prática de atividades físicas regularmente, alimentação saudável, manter o peso adequado, evitar bebidas alcoólicas e até mesmo a amamentar pode diminuir os riscos de se ter a doença. No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é de que as mulheres com idade entre 50 a 69 anos realizem a mamografia de rastreamento (quando não há sinais nem sintomas) uma vez a cada dois anos. A mamografia diagnóstica pode ser solicitada em qualquer idade, a critério médico. “Sabemos que o tocar a mama ajuda a identificar alguma alteração, mas apenas isso não substitui de forma alguma a mamografia”, alerta a médica Meire Barban.

A família de Mariângela sempre presente na superação da doença

Outubro Rosa
O mês de outubro se tornou rosa, o motivo é vital e a consequência é fatal, se não tratada a tempo. Desde os anos 90 que outubro foi escolhido para ser o mês que estimula a participação da população no controle do câncer de mama. A data celebrada anualmente tem como objetivo partilhar informações sobre o câncer de mama, conscientizar sobre a doença e contribuir para a redução da mortalidade. Outubro Rosa é um movimento popular internacionalmente conhecido, o nome remete à cor do laço rosa que simboliza a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresas e entidades.
Formada há 28 anos pela PUC, a médica ginecologista Meire Barban explica a importância que a mulher deve ter com sua saúde. Especialmente em relação à prevenção do câncer de mama, além do autoexame, as consultas periódicas e exames específicos podem detectar precocemente um nódulo, aumentando as chances de cura. “Os exames complementares de mamografia e ultrassonografia são importantes para diagnosticarem um câncer inicial ou precoce. Às vezes, nem há nódulos e sim classificações patológicas, que não são palpáveis e são diagnosticadas somente com a mamografia”, afirma a médica.
Para fazer o autoexame da mama é necessário seguir três passos: Primeiro a observação em frente ao espelho, depois palpar com as pontas dos dedos a mama de pé e repetir a palpação deitada. O autoexame deve ser feito uma vez por mês, todos os meses, três a cinco dias após o aparecimento da menstruação, ou em uma data fixa nas mulheres que já não têm menstruação. O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor, alguns têm desenvolvimento rápido enquanto outros são mais lentos. O tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, é o câncer de mama, e responde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano no mundo. No Brasil, esse percentual é um pouco mais elevado e chega a 28,1%.

 

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