Da Bahia ela trouxe o gênio apimentado, forte, determinado, ou como dizem por lá, “arretado”. Não fica calada quando sente que alguém está sendo injustiçado. De São Paulo ela herdou o jeito habilidoso, enérgico e visionário de lidar com os negócios e investir no novo sem ter medo de errar; e da vida ela traz uma linda família, muitas missões cumpridas, sonhos a serem conquistados e o otimismo de um futuro mais justo e adequado para todos, principalmente para as classes menos favorecidas da sociedade.
Ela é Andrea Pontes Quadros Cortes, uma “baiana-paulistana” que escolheu Águas Claras para ser seu lar definitivo. É conhecida por estar sempre envolvida com causas sociais e reivindicando junto às autoridades melhorias na infraestrutura da cidade, especialmente no que diz respeito à mobilidade e cuidados em geral com as pessoas portadoras de deficiência. Foi presidente da Associação de Moradores e Amigos de Águas Claras (AMAAC), participou ativamente como moderadora do renomado grupo virtual Casa de Amigas, e é fundadora da Instituto Ápice Down, ao lado do médico Elias Couto.

História
Andrea nasceu na Bahia, onde se casou e em 2000 teve uma filha, Júlia Quadros Cortes de Carvalho. Aos seis meses de idade entre omissões médicas e diagnósticos desencontrados a bebê foi diagnosticada com paralisia cerebral. O alívio por saber enfim a patologia se misturou ao desespero do novo, do caminho desconhecido a seguir e como proceder com a pequena Júlia. Depois começaram as crises de convulsão e a aflição dos pais gritou mais alto, Andrea decidiu se mudar para São Paulo quando Júlia tinha dois anos de idade. A mãe não se conformava com tratamento médico que a filha recebia em sua cidade natal, “a medicação deixava a Julinha elétrica, parecia que tinha ligado ela na tomada, depois passava o efeito, eu não me concordava com isso”, diz Andrea.
Em São Paulo, Andrea chegou a trabalhar em três empregos ao mesmo tempo. Pilotava motocicleta pelas ruas movimentadas da capital paulista, tudo em busca de melhor qualidade de vida para sua filha e para custear os gastos com o tratamento. “Minha vida era um vai e vem entre consultórios médicos e escritórios de advocacia, de tanto lutar para que os direitos da Julinha fossem cumpridos, decidi me especializar na área e comecei minha segunda graduação, dessa vez em Direito”, conta.
Na opinião da advogada a legislação no Brasil é perfeita, especialmente depois que a Lei Brasileira de Inclusão foi homologada, mas não funciona na prática como deveria. “Eu precisava brigar com plano de saúde, com hospital, com escola, até para conseguir a medicação dela eu tinha que batalhar.” As crises foram controladas, Júlia estava bem amparada, o tratamento ia bem, mas a rotina frenética de trabalho de Andrea chamou a atenção do primo que estava de passagem por São Paulo.
Ele morava no DF, era médico e tinha um empreendimento imobiliário justamente em Águas Claras, a proposta que ele fez foi irrecusável e a baiana destemida não hesitou diante do novo desafio proposto, e por aqui está até hoje. “Eu me tornei uma fã de Águas Claras, me apaixonei logo de cara pela cidade que ainda tinha muitas ruas de terra, estrutura quase 0 e agora é um referencial para todo DF, um polo gastronômico maravilhoso, é uma cidade viva e movimentada”, elogia Andrea. Depois de Júlia, nasceram André Quadros Cortes de Carvalho (2007) e Davi Quadros Cortes de Carvalho (2009) para completar a alegria da família.
Com personalidade muito dinâmica, sempre atenta às necessidades dos menos favorecidos e vivendo na pele as dificuldades de quem tem um parente portador de deficiência enfrenta no dia a dia, Andrea e o primo Elias Couto criaram juntos o Instituto Ápice Down há 16 anos atrás. Uma instituição sem fins lucrativos que presta serviços gratuitos para a comunidade de baixa renda do DF, com abordagem interdisciplinar, que tem como finalidade a promoção da qualidade de vida e inclusão em todos os segmentos da sociedade, por meio da estimulação essencial em todos os ciclos da sua vida. Por muito tempo, ela e o primo sustentaram o Instituto com recursos próprios, mas hoje graças a parcerias com empresas e profissionais voluntários o Ápice Down ganhou autonomia e já chegou a atender em um ano 650 famílias menos favorecidas e que tenham um membro portador de deficiência.

Luta pela cidade
A conexão entre Andrea e o grupo virtual Casa de Amigas se deu graças ao apoio que o grupo deu aos ideais que Andrea defende e ao Instituto Ápice Down. No grupo virtual Andrea tinha autonomia para publicar textos de conscientização à inclusão social e de combate ao preconceito. Esteve por dois anos na moderação do grupo virtual e participando dos eventos que o Casa de Amigas promove na cidade. “Foi um prazer imenso estar junto com as meninas do Casa de Amigas, tive muito apoio de todas as pessoas, o grupo tem uma abrangência muito grande e as pessoas me abordavam na rua, foi uma experiência inesquecível”, relembra Andrea.
E as atividades em prol da sociedade não param por aí, durante dois anos Andrea Quadros foi presidente da Associação de Moradores e Amigos de Águas Claras (AMAAC), e criou o polêmico grupo da Associação no Facebook que hoje conta com mais de 48 mil membros. No período em que esteve à frente da AMAAC promoveu em Águas Claras um debate com os então candidatos ao GDF, sendo a única região administrativa a conseguir tal feito. “Eu penso que existem duas atitudes importantíssimas que uma comunidade deva seguir: Toda associação e organização de moradores deve cobrar e fiscalizar os governantes. Recentemente a AMAAC conseguiu tirar um administrador que estava fazendo coisas erradas com o dinheiro público, esse é o papel da comunidade”, declara Andrea Quadros. Os planos da advogada, relações públicas, mãe e empreendedora não param por aí, Andrea prepara novidades para 2018.

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