A definição do PDOT tem envolvido técnicos do Governo do Distrito Federal, parlamentares e a sociedade civil, visando atualizar normas e diretrizes para o crescimento organizado da região.
A próxima reunião do Grupo de Trabalho Interinstitucional dará continuidade às discussões técnicas sobre o PDOT. Entre março e abril, ainda serão realizadas reuniões públicas para que a população possa avaliar e contribuir com as propostas.
O processo de revisão deve ser finalizado até julho, quando o projeto será enviado para apreciação da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O objetivo é garantir que a legislação atenda às necessidades de crescimento e desenvolvimento do Distrito Federal, respeitando as particularidades de cada região administrativa.
A população de Águas Claras pode acompanhar as atualizações e participar do processo por meio das administrações regionais e da plataforma digital disponibilizada pela Seduh-DF. A participação cidadã é essencial para a construção de um planejamento urbano mais eficiente e inclusivo.

Pré-diagnóstico
O diagnóstico do PDOT é um documento essencial que analisa a situação territorial do Distrito Federal, identificando desafios e oportunidades para o desenvolvimento urbano sustentável. Ele foi elaborado com base em leituras técnicas e comunitárias, considerando temas como habitação, mobilidade, meio ambiente e infraestrutura. No caso de Águas Claras, a análise destacou aspectos cruciais para o planejamento da região.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh-DF) realizou reuniões técnicas e públicas para apresentar e discutir as propostas preliminares do PDOT. Entre os principais temas abordados estão o macrozoneamento, a oferta habitacional e a regularização fundiária. Esses encontros buscam garantir que as decisões tomadas reflitam as necessidades reais da população.
No caso específico de Águas Claras, foram levantadas demandas relacionadas à infraestrutura, mobilidade, meio ambiente e planejamento urbano. A população destacou a necessidade de ampliação das saídas da cidade, melhor integração viária e medidas para mitigar o impacto da linha do metrô, que atualmente divide a cidade e dificulta a circulação entre suas diferentes regiões.

Águas Claras
O diagnóstico do PDOT apontou que Águas Claras enfrenta desafios de mobilidade, com congestionamentos frequentes e conflitos entre pedestres e veículos, especialmente nas passagens ao longo da linha do metrô. A população reivindicou melhorias na infraestrutura viária, ampliação de estacionamentos e a construção de calçadas acessíveis para garantir a segurança dos pedestres.
Além disso, há uma demanda crescente por mais equipamentos públicos, incluindo uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e novas escolas, devido ao crescimento populacional acelerado da região. Também foi destacada a necessidade de regularização de condomínios de média e alta renda que ainda estão em situação irregular.
Claras está localizada sobre um grande aquífero, e há preocupação com o desperdício de água, especialmente em prédios que bombeiam água subterrânea e a descartam na rede pluvial. O PDOT também destacou o potencial ambiental dos parques Central e Sul, que precisam ser melhor aproveitados para oferecer áreas de lazer e preservação ambiental.

Contribuições da População
Durante as oficinas participativas, os moradores de Águas Claras apresentaram diversas sugestões para melhorar a infraestrutura e a qualidade de vida na região. Entre as principais propostas está a criação de uma feira para ambulantes, visando organizar o comércio informal e oferecer um espaço adequado para os trabalhadores. Além disso, a população destacou a necessidade de um plano efetivo para reduzir os conflitos viários e melhorar a mobilidade urbana.
Há também uma forte demanda por projetos de requalificação dos parques urbanos, garantindo mais infraestrutura para lazer e convívio social. Melhorias na coleta de lixo e no planejamento da drenagem urbana foram outras preocupações levantadas, devido às inundações frequentes em alguns pontos da cidade.

 

Avenida das Cidades vai impactar a organização urbana

A Avenida das Cidades vai redefinir a mobilidade e o desenvolvimento urbano do Distrito Federal. Com uma extensão de 26 quilômetros, a via atravessará sete regiões administrativas, incluindo Águas Claras, promovendo uma nova dinâmica de crescimento para a cidade. A nova via que liga Samambaia ao Plano Piloto, segue quase que paralelamente ao metrô. Apesar de estar em planejamento há muitos anos, ainda não há previsão de sua construção. É preciso retirar as torres de alta tensão de Furnas para inciar o processo de licitação.
Para Águas Claras, a nova avenida representa um impacto significativo, tanto em termos de infraestrutura quanto de expansão urbana. A via será implantada ao longo do atual corredor das linhas de transmissão de energia de Furnas, ao lado da Avenida Vereda da Cruz, criando uma nova área de desenvolvimento e conectividade para a cidade. O projeto prevê a abertura de centenas de novos lotes para empreendimentos residenciais e comerciais, transformando a região em um polo econômico ainda mais robusto. Mas até que ponto esse crescimento será positivo? A cidade, que já sofre com trânsito intenso, infraestrutura sobrecarregada e falta de equipamentos públicos, pode estar prestes a enfrentar um colapso urbano.

Benefício ou Sobrecarga?
Com a chegada da Avenida das Cidades, Águas Claras ganhará uma nova via estruturante, comparável às tradicionais avenidas Araucárias e Castanheiras. No entanto, o crescimento populacional acelerado pode se tornar um problema, ampliando a pressão sobre a infraestrutura urbana já saturada. A cidade, que hoje conta com poucos acessos viários e serviços públicos insuficientes, poderá ver suas dificuldades agravadas com a chegada de milhares de novos moradores.
O planejamento da via inclui a construção de ciclovias, praças e calçadas acessíveis, garantindo melhor mobilidade para pedestres e ciclistas. Contudo, sem investimentos sólidos em hospitais, escolas e transporte público, a qualidade de vida pode se deteriorar, transformando o que deveria ser um avanço em um novo desafio para a população.
Atualmente, Águas Claras enfrenta dificuldades viárias devido ao grande fluxo de veículos e à limitada quantidade de saídas da cidade. A nova avenida funcionará como uma alternativa de acesso, facilitando a ligação entre Águas Claras, Samambaia, Guará e o Plano Piloto. A previsão é que a via comporte cerca de 60 mil veículos simultaneamente, desafogando vias como a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e a Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB).
Contudo, especialistas alertam que, sem medidas para limitar o adensamento desordenado, a nova via pode se tornar mais um gargalo no trânsito da cidade, em vez de uma solução. O incentivo ao transporte público e à integração com o metrô precisa ser prioridade, caso contrário, a Avenida das Cidades poderá apenas atrair ainda mais carros e aumentar os congestionamentos.

Expansão Responsável
O projeto prevê que a Avenida das Cidades não será apenas um corredor de tráfego, mas um espaço pensado para a sustentabilidade e qualidade de vida, com a implantação de 200 quilômetros de ciclovias, oito parques urbanos e o plantio de 700 mil árvores, criando um ambiente mais verde e agradável para os moradores.
Entretanto, ainda há dúvidas sobre como a preservação ambiental será garantida diante da expansão urbana massiva. Águas Claras já sofre com problemas hídricos e a degradação de áreas verdes, e a construção de novos empreendimentos pode agravar essa situação. Como o governo pretende compensar os impactos ambientais desse crescimento? Essa é uma questão que precisa ser respondida antes que a cidade se torne uma selva de concreto.
A obra será realizada por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), com previsão de duração de 11 anos para sua construção e concessão por 28 anos. A expectativa é que o empreendimento gere 100 mil empregos diretos e indiretos, beneficiando toda a região do Eixo Sul.

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