Em Os Retornados, o diplomata e escritor Carlos Fonseca revela como milhares de ex-escravizados brasileiros encontraram no retorno à África um caminho de reconstrução e liberdade durante o século XIX

Celebrado em 25 de maio, o Dia da Libertação da África marca a criação da Organização da Unidade Africana, símbolo da luta dos países do continente pela independência e soberania frente às potências coloniais. Mas a data também abre espaço para refletir sobre uma outra forma de libertação – individual, afetiva e ancestral – vivida por milhares de ex-escravizados brasileiros que, entre os séculos XIX e XX, decidiram deixar o Brasil e retornar ao continente africano.

É essa travessia que o diplomata e escritor Carlos Fonseca traz à tona no livro Os Retornados, lançado pela Editora Record. A obra conta a saga de homens e mulheres que, mesmo depois da Lei Áurea, continuaram excluídos e invisibilizados em sua própria terra natal – e por isso decidiram cruzar o Atlântico, em busca de dignidade, pertencimento e reconexão com suas raízes.

“Esse retorno à África foi um gesto de afirmação profunda. Eles foram em busca de um lugar que o Brasil nunca lhes deu de verdade”, explica o autor, que dedicou mais de 20 anos a pesquisas, viagens e entrevistas com descendentes dessas comunidades. “E lá, recriaram pedaços do Brasil – com sua fé, sua música, seus pratos, suas festas, suas palavras.”

Os Retornados reúne histórias surpreendentes e emocionantes que mostram como esses brasileiros deixaram marcas indeléveis em países como Benim, Togo, Nigéria e Gana. Entre essas histórias está a da família Olympio, no Togo, cuja linhagem inclui o primeiro presidente do país, Sylvanus Olympio, neto de um brasileiro, e responsável pela independência do país, em 1960. Hoje celebrado como uma das principais lideranças do panafricanismo, Olympio foi também o primeiro Chefe de Estado em exercício assassinado em um golpe de estado na África, após o movimento de independências da década de 1960.

Mais do que um resgate histórico, o livro é um elo afetivo entre Brasil e África. E, neste 25 de maio, reforça a importância de ampliar o olhar sobre as narrativas de libertação: nem todas aconteceram dentro das fronteiras nacionais – algumas exigiram coragem para atravessar oceanos em busca de uma nova forma de existir.

Sobre o autor – Carlos Fonseca é diplomata e escritor, com carreira voltada às relações internacionais e à memória afro-diaspórica. Os Retornados é seu primeiro livro de não ficção e representa o resultado de anos de imersão em países africanos de língua francesa e inglesa, revelando os laços históricos, culturais e espirituais entre África e Brasil.

Serviço: livro Os Retornados
Autor: Carlos Fonseca
Editora: Record
Disponível nas principais livrarias físicas e plataformas digitais
Gênero: História / Narrativa jornalística
Temas: Diáspora africana, identidade, pós-escravidão, cultura afro-brasileira, relações Brasil-África
Livro disponível na Amazon: https://encurtador.com.br/0nj1D