O ano mal começou e os moradores de Águas Claras já começam a sentir na pele as consequências da deficiente saúde pública. A cidade que conta apenas com um posto de vacinação, uma UBS (Unidade Básica de Saúde) e uma Clínica da Família para os seus mais de 130 mil habitantes, uma das regiões administrativas que mais cresce no DF.
Esta semana o Governo do Distrito Federal divulgou um balanço feito após um ano na mudança da política de atenção primária em Brasília. Segundo o GDF, mais de dois milhões de habitantes foram atendidos pelo sistema de saúde, 272 novas equipes de saúde criadas para atender à população somando agora um total de 549 equipes trabalhando em todo DF. O horário de atendimento das UBS também ampliou, agora, além de funcionarem das 7h às 19h de segunda a sexta, inclusive no horário do almoço, as unidades começarão a funcionar aos sábados das 7h ao meio dia.
O governo anunciou ainda a construção de quatro novas UBS, sendo que uma já foi entregue este ano em Samambaia, duas na reta de final em Ceilândia e uma na Fercal. Para o primeiro semestre de 2018 outras quatro serão entregues em Ceilândia, Planaltina, Recanto das Emas e em Samambaia. Algumas unidades foram reformadas para melhor receber a população como a do Riacho Fundo 2, Sobradinho, Sobradinho 2 e da Asa Sul.
Águas Claras fora
O curioso é que Águas Claras não foi citada nos projetos do GDF para a área da saúde mesmo a cidade enfrentando essa escassez de atendimento primário. O Conselho Gestor de Saúde, que é formado pelos moradores e por servidores públicos, está preocupado com a falta de atenção da parte do governo. O grupo se reúne há pouco mais de um ano na primeira terça-feira do mês, às 15h, na Clínica da Saúde na QS 5 para debater as necessidades da população, ouvir suas petições e reivindicar juntos por melhorias, e já conseguiu alterar o horário de atendimento das unidades de saúde para melhor adequar às necessidades da comunidade e incluir algumas quadras mais distantes no atendimento da Clínica da Saúde.
Porém, o Conselho obteve pouco êxito nas demais solicitações, mas o grupo persiste na busca por progressos. Há cerca de um mês, a UBS da QS 8 está sem médico e sem o profissional de enfermagem, que é o responsável por boa parte dos atendimentos. A resposta da Secretaria de Saúde é que a médica está de licença maternidade e a enfermeira de licença médica e falta recursos humanos para suprir a falta destes profissionais. Durante o mês de fevereiro a unidade abriu as portas, mas não teve como fazer atendimento e nenhuma medida prática foi tomada.
Deslocamento
A presidente do Conselho de Saúde, Núbia Maria Gomes de Oliveira, conta que as famílias que eram atendidas na UBS se deslocam para a Clínica da Família buscando atendimento e superlotam a Clínica que está com as equipes completas. Entre as principais demandas que o Conselho de Saúde vem tentando conseguir estão a ampliação da UBS, “o terreno aqui é muito grande e está sendo pouco utilizado, queremos muito a ampliação dessa unidade e assim poder atender muito mais pessoas”, diz a presidente do Conselho, que completa: “Queremos ainda uma unidade de saúde para Águas Claras vertical e também para Arniqueiras, que tem milhares de habitantes que são encaminhados para outras cidades para ter um atendimento preventivo que deveria ser feito próximo às suas residências.”
Lote
Outra preocupação do Conselho de Saúde é proteger o terreno em Águas Claras,que é destinado à construção de uma unidade de saúde, mas no momento está vazio. “Com a especulação imobiliária que a cidade vive, o Conselho teme perder esse espaço público para alguma grande construtora e o sonho da construção de uma UBS ficar ainda mais distante”, pontua Núbia, que em nome Conselho Gestor de Saúde de Águas Claras, faz um apelo à Secretaria de Saúde: “Pedimos uma atenção especial para a comunidade de Águas Claras e para as demandas do Conselho de Saúde que é o porta-voz da população. Do jeito que estão agindo conosco não está bom.”