Quem é frequentador assíduo do Parque Ecológico de Águas Claras com certeza conhece ou pelo menos já ouviu falar na figura mais representativa do parque, o morador mais ativo quando o assunto é a natureza, um ambientalista nato, o benquisto senhor Xavier.
Nascido em São Paulo e criado no norte do Paraná, Carlos Alberto Xavier está há 50 anos no Distrito Federal, e há 17 exclusivamente em Águas Claras. “Eu vi essa cidade nascer, acreditei no projeto desde o início e investi nela, não me arrependo. Eu adoro isso aqui”, conta. Corretor por profissão, ele afirma que pretende encerrar suas atividades em Taguatinga, cidade onde estabeleceu seus negócios, e transferir tudo para Águas Claras.
Quando veio para Águas Claras era tudo de terra, não tinha asfalto nas ruas. Por muitos anos a cidade era só obras e construções, ele lembra com saudosismo do tempo em que não havia trânsito nas vias que cortavam a cidade, contudo mesmo com o fluxo caótico atualmente, não se arrepende. “O trânsito está difícil no Brasil inteiro, não é só aqui. Nós ainda temos o metrô aqui pertinho para facilitar, eu uso bastante”, diz o corretor.
Parque
Em meio à correria do dia a dia, Xavier sempre cuidou da saúde; caminhar e exercitar são suas atividades frequentes. Desde que o Parque Ecológico foi aberto à população ele faz seus exercícios no local. Entre uma caminhada e outra, observando a natureza decidiu plantar uma árvore, e depois outra, e outra… E não parou mais. Daí nasceu a relação de amor e cuidado entre Xavier e o Parque Ecológico de Águas Claras.
Já foram mais de 100 árvores plantadas, serviço feito quase sempre sozinho. “Não basta simplesmente plantar, é preciso aguar e zelar do crescimento de cada uma”. Hoje aos 74 anos, Xavier chega no parque às 19h e só vai embora as 21h, às vezes vai de manhã e à noite. Em todos esses anos de trabalho voluntário ele afirma que nunca recebeu críticas, só elogios, muitas pessoas o incentivam e admiram seu trabalho.
Há cinco anos começou um trabalho específico na lagoa dos patos, dentro do parque. Devido à baixa quantidade de água nas lagoas, muitos peixes estavam morrendo na época. Depois de muitos projetos e trabalho pesado, a vazão da água aumentou para as lagoas e no local os animais podem se refrescar tranquilamente. Nesses meses de seca que o Distrito Federal tem enfrentado as lagoas também baixaram seus níveis, e as nascentes que forneciam água contínua, secaram. Xavier deseja resolver em breve essa dificuldade junto com as autoridades concernentes ao assunto.
Peixes Ornamentais
O projeto dos sonhos aguarda autorização do IBRAM (Instituto Brasília Ambiental), órgão que administra o parque. Xavier planeja construir próximo a lagoa dos patos um poço de peixes ornamentais e um deck, onde os moradores poderão trazer suas contribuições de peixinhos coloridos para enriquecer o viveiro; e em volta do poço um espaço com hortênsias e samambaias. Do lado oposto ao poço de peixes, uma cascata também com deck. Os trabalhos desenvolvidos voluntariamente por ele são feitos com investimentos próprios ou com doações de empresas e moradores. Todo projeto de grande porte passa por aprovação do IBRAM.
Xavier resume sua história com o Parque Ecológico de Águas Claras em apenas uma frase: “Amor à natureza”. Seu maior exemplo foi o bisavô, que aos 80 anos fazia questão de plantar árvores, e quando questionado o por quê de naquela idade plantar árvores, já que provavelmente não as veria crescer por causa da idade avançada, a resposta era enfática: “Não estou plantando nem para mim, nem para você. Estou plantando para os que vão chegar. Quando eu era criança encontrei muitas árvores para brincar e descansar, quero deixar isso para as próximas gerações”, esse foi o legado que Xavier aprendeu com o bisavô e tem posto em prática. Um favor para os que vão nascer, crescer, brincar nas árvores, comer os frutos e apreciar suas flores.
Ao longo desses anos a serviço da natureza, Xavier sabe cada uma das árvores que já plantou no parque, muitas delas já estão crescidas e passaram da estatura do jovem senhor. “Enquanto eu estiver em condições de caminhar eu jamais vou parar de cuidar do parque, eu quero trabalhar até o último dia da minha vida. Natureza é vida, é tudo”, encerra Xavier.