Há dois anos no comando da Administração Regional de Águas Claras, Mário Henrique Furtado Rocha de Sousa enfrenta o desafio de equilibrar o crescimento acelerado da cidade com a implementação de serviços públicos, melhorias na mobilidade e demandas dos moradores. Bombeiro por quase três décadas e morador da região, ele conhece de perto os problemas e busca soluções práticas. Em 2025 a prioridade, segundo o administrador, é a implementação de serviços públicos. A cidade deve ganhar uma UPA, uma UBS (ou posto de saúde), novas escolas públicas e uma creche, isso tudo enquanto o governo precisa lidar com as consequências da expansão urbana.

 

Como tem sido esses dois anos à frente da Administração Regional de Águas Claras?
Foram dois anos intensos. Antes de assumir esse cargo, fui subsecretário de Saúde do governo Ibaneis, cuidando da infraestrutura da central de saúde do Samu por dois anos. Na segunda gestão, recebi o convite para assumir a administração de Águas Claras, uma missão desafiadora, mas enriquecedora. Além disso, completo em março 29 anos de serviço público como bombeiro.
Ser administrador e, ao mesmo tempo, morador da cidade traz uma perspectiva diferente. Caminho por Águas Claras, observo os problemas, ouço os moradores e percebo de perto as demandas. Isso, naturalmente, aumenta o nível de cobrança, mas também amplia o entendimento das necessidades locais.
Hoje, conheço profundamente a cidade. Por exemplo, tenho um controle de todas as construtoras atuantes, as obras em andamento e suas previsões de entrega. São 22 obras em andamento atualmente, o que significa que, em dois anos, teremos um impacto significativo no trânsito. O nosso desafio é planejar e plantar boas soluções agora, para colher resultados no futuro. É uma tarefa grande, mas também gratificante, porque trabalhamos diretamente pela melhoria da nossa cidade.

Como estão os equipamentos públicos e como é lidar com as limitações da administração regional?
Temos projetos de equipamentos públicos bem adiantados. A ideia era iniciar alguns projetos no ano passado, mas, devido à complexidade dos processos administrativos e à máquina pública, não conseguimos. A expectativa agora é lançar alguns editais já no primeiro semestre deste ano. É um grande desafio, mas também tem sido uma experiência muito prazerosa.
Temos conseguido boas articulações. Por exemplo, uma determinação do governador Ibaneis e da vice-governadora Celina Leão tem garantido respostas rápidas. Recentemente, enviei uma solicitação ao SLU, e o problema foi resolvido em menos de uma hora. Essa agilidade é positiva, mas é claro que, com mais autonomia, seria mais fácil imprimir nossa marca e personalizar ainda mais o trabalho da administração. Hoje, seguimos as diretrizes do governo e buscamos atuar com eficiência dentro das nossas possibilidades.


Quais são as prioridades para este ano?
A equipe tem sido muito ágil. Podemos ver isso em ações como o programa “Tapa Buraco” e no avanço de projetos relacionados aos equipamentos públicos, que já estão sendo planejados para lançamento em breve. É um esforço contínuo para atender às demandas da cidade de forma eficiente.
Falando do orçamento deste ano, boa parte será destinada ao custeio, mas contamos com o apoio de emendas parlamentares para investimentos importantes. O deputado Pastor Daniel de Castro, por exemplo, tem colocado recursos que não vão diretamente para a administração, mas para órgãos como a Novacap, Secretaria de Cultura e Secretaria de Esporte, e nós utilizamos esse dinheiro para melhorias na cidade.
Recentemente, o deputado nos pediu para levantar as demandas prioritárias de Águas Claras. Entre os projetos destacados, está a recuperação de calçadas, algo que já começamos no ano passado com 2.181 metros de calçadas reformadas. No entanto, há ainda trechos importantes a serem reparados, como na saída de algumas quadras, que estão há anos em condições precárias. Essas obras fazem parte do nosso compromisso com a melhoria da infraestrutura urbana.

Como estão as obras do Parque Sul e Parque Central?
Estamos avançando nas etapas do Parque Sul e Parque Central, que fazem parte de um projeto que passou em concurso público com um conceito muito bem elaborado. No ano passado, conseguimos inaugurar algumas áreas importantes, como a biblioteca e a pista de patinação, que é uma das poucas na América Latina com medidas olímpicas e padrão para competições internacionais. Além disso, temos duas quadras de futevôlei ou vôlei de areia, duas quadras de tênis e um parque infantil, todos em pleno funcionamento.
O Parque Central, em particular, é um projeto grandioso, que ainda está sendo executado em etapas. Há áreas de convivência, pistas de caminhada e um centro administrativo previstos no plano geral. No entanto, para que a obra avance, ainda precisamos de liberações. Por exemplo, a iluminação pública já foi licitada, a empresa responsável está pronta para começar, mas depende de aprovação da CEB para dar início. Essa área tem enfrentado reclamações por estar muito escura à noite, e nossa prioridade é resolver isso o mais rápido possível.
Quanto aos quiosques que estavam previstos, nossa ideia inicial era utilizá-los para vendas de água de coco, picolés ou uma lojinha de skate, mas decidimos dar outra função a um deles. Vamos transformá-lo em uma base do SAMU, para atender emergências locais.
Ainda há muito trabalho a ser feito, pois o Parque Central é um projeto com várias fases, mas sua conclusão representa um passo importante para a urbanização e qualidade de vida em Águas Claras.

Como o Parque Central está sendo planejado e qual o impacto esperado para a cidade?
O Parque Central foi projetado como um elemento central para melhorar não apenas o lazer, mas também a mobilidade em Águas Claras. Ele é um parque urbano pensado para integrar a cidade, com áreas para caminhada, paisagismo planejado e espaços de convivência. Parte das ações já está em andamento. O ano passado, por exemplo, plantamos cerca de 200 mudas em ações pontuais. No entanto, é preciso ter cuidado para não plantar nos locais errados, pois ainda haverá movimentação de máquinas e caminhões, o que poderia aumentar o custo das obras.
O parque tem várias etapas, desde a infraestrutura básica até as edificações maiores, como pontes e largos. É um projeto caro, com estimativa de custo entre 34 e 36 milhões de reais. Algumas partes, como trilhas e iluminação pública, conseguimos resolver de forma mais simples, mas as edificações mais complexas dependerão de parcerias com órgãos como a Novacap e a Terracap.
Embora não seja possível concluir o projeto nos próximos dois anos, ele está incluído no planejamento da administração. O parque já é uma obra de grande impacto e, ao final, deve se tornar um espaço de destaque na cidade, com potencial até para atrair turistas.
A mobilidade também é uma preocupação. A cidade enfrenta problemas com trânsito e falta de estacionamento. O Parque Central terá um papel importante em incentivar o deslocamento a pé, mas é preciso pensar em soluções mais amplas para a circulação de veículos e o fluxo de pessoas.

Como está o transporte público em Águas Claras, especialmente o Zebrinha?
Águas Claras é uma cidade compacta, mas com desafios de mobilidade. Embora sua extensão seja de cerca de 5 km de ponta a ponta, o terreno não é plano, o que dificulta o deslocamento a pé para muitas pessoas. E o zebrinha, ele tem sido uma experiência positiva. Quando assumi, havia um ceticismo em relação ao modelo, mas hoje dou minha mão à palmatória: ele funciona bem. Antes, havia apenas uma linha de ida e outra de volta, o que fazia o percurso demorar até 45 minutos. Agora, são três ônibus circulando, cobrindo pontos mais distantes do metrô e fazendo o trajeto de forma mais ágil, com intervalos menores.
O Zebrinha resolveu dois problemas principais: a falta de frequência e o desconforto de esperar muito tempo no transporte público. Ele não tem pontos fixos e para onde os passageiros precisam, o que o torna mais acessível. Por onde passo, vejo pessoas esperando e usando o serviço. É barato, e idosos têm gratuidade, o que incentiva ainda mais o uso.
Esse transporte tem atendido bem a população e até se tornou modelo para outras localidades. A rota foi planejada para atender áreas como as quadras 105 e 107, e ele segue lotando em horários de pico, especialmente ao chegar no metrô. É uma solução que ajuda a conectar a cidade, reduzindo a dependência do carro e promovendo uma mobilidade mais eficiente.
Como está a questão do prédio da administração e dos novos equipamentos públicos?
O prédio da administração é um tema importante. Pagamos aluguel há cerca de 20 anos, embora tenhamos um lote disponível para construção, a obra nunca foi realizada, o que reflete um histórico de prioridades que não incluíam a implantação de equipamentos públicos em Águas Claras.
A cidade tinha um estigma de que a comunidade não queria esses equipamentos, algo que foi reforçado até 2020. No entanto, conseguimos mudar essa percepção. Hoje, temos um plano claro para instalar uma UPA, escolas e até a nova sede da administração, em paralelo ao desenvolvimento do Parque Central.
A UPA será construída no lote 2045, ao lado do Águas Claras Shopping. A licitação está em andamento e a previsão é que ela avance nos próximos meses. O projeto da UBS (Unidade Básica de Saúde) já está pronto e os recursos garantidos. Ainda temos duas escolas públicas para Águas Claras, e uma creche, que devem ser licitadas ainda este ano.
O cronograma segue com a UPA como prioridade, seguida pela UBS, pelas escolas e, posteriormente, pela construção da sede da administração. Paralelamente, continuamos as etapas do Parque Central, que será concluído conforme os recursos forem liberados.

Qual é a sua visão sobre o futuro de Águas Claras e a relação com a comunidade?
Eu acredito num futuro mais claro e com mais apoio à população. A minha premissa e a ordem que recebo como administrador é a de aproximar-me da comunidade, ouvir as suas demandas e levá-las ao governo para buscar soluções.
Temos trabalhado ativamente para cumprir essa missão, garantindo que as vozes dos moradores sejam ouvidas e que ações práticas sejam realizadas. Mesmo em períodos de descanso, como férias, a conexão com a comunidade e o acompanhamento das necessidades da cidade continuam sendo prioridades.
A ideia é sempre fortalecer essa relação com os moradores, garantindo que o futuro de Águas Claras seja mais estruturado, participativo e com qualidade de vida para todos.

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