Por Luiza Frazão
O vermelho vivo que trouxe mais cor e mobilidade para a cidade de Águas Claras é sinônimo de nostalgia e tem uma bela história que o leitor merece saber. Para quem teve o privilégio de viver em Brasília nas décadas de 1980 e 1990, guarda com toda certeza em sua memória a imagem dos micro-ônibus que cruzavam a cidade.
Com personalidade própria, o Serviço Especial de Vizinhança, que foi apelido carinhosamente de “Zebrinha” em um concurso popular, surgiu em 1980 no Plano Piloto, que necessitava de um transporte mais ágil e acessível.
Criado durante a gestão do ex-governador Aimé Lamaison, o “vermelhinho” nasceu em abril de 1981 para ligar as quadras residenciais da Asa Sul, Asa Norte e Lago Sul aos grandes centros de trabalho da capital.
Com um design arrojado para a época, com cores vibrantes entre o vermelho e laranja e listras brancas, destoava do cinza e tons pastel da cidade naquele período. Em seu lançamento, o então diretor da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), Adonis Ribeiro Gonçalves, explicou que, “a idéia era criar algo que se destacasse e por isso o laranja e vermelho. Antes, todos os ônibus eram cinza ou brancos. O pequeno transporte operava também de forma peculiar, já que não contavam com cobradores, e o pagamento da passagem era feito diretamente ao motorista.
Diferenciado, de fácil acesso, ágil e com um visual diferente, o Zebrinha tornou-se um transporte essencial para os milhares de brasilienses, apesar de sua tarifa ser mais alta em relação às linhas comuns de ônibus. Mas, em 2012, veio licitação do Sistema de Transporte Público Coletivo do DF. Padrões de cores foram estabelecidos, e os icônicos Zebrinhas deixaram de circular. Essa mudança criou um sentimento de perda entre os tantos usuários que o tomaram como favorito.
O retorno dos Zebrinhas
Com a necessidade de melhorar o transporte em regiões onde um ônibus convencional não consegue circular, o projeto foi retomado. Com uma nova roupagem – faixa branca até a altura dos os faróis, e na parte superior, a cor vermelha com listras brancas. A linha beneficia agora moradores de Vicente Pires, Ceilândia, Pôr do Sol, Arniqueira e, claro, Águas Claras.

Em Águas Claras
Quem circula pela cidade com certeza já notou a presença dos Zebrinhas, que trouxeram mais cor e praticidade ao transporte público em meio aos prédios altos. Com um trajeto que dura aproximadamente 1 hora e 10 minutos, incluindo o percurso pelo Pistão Sul, o micro-ônibus se tornou uma opção acessível para os muitos passageiros de Águas Claras, que incluem moradores e trabalhadores.
Em setembro de 2024, a linha circular 0.008 foi ampliada e passou a operar com três veículos novos, todos equipados com ar-condicionado e o motor Euro 6, menos poluente. O ponto de saída continua sendo em frente à Administração Regional de Águas Claras. A passagem custa R$ 2,70, e é feita exclusivamente por meios eletrônicos – cartão de crédito, débito e cartão de transporte.
Com capacidade para 23 passageiros sentados e 13 em pé, e paradas próximas às estações Águas Claras e Arniqueiras, o veículo oferece conforto e eficiência para quem precisa se deslocar pela cidade. Como parte dessa reestruturação, o trajeto do Zebrinha foi ajustado para incluir o Pistão Sul, o que levou à exclusão de alguns pontos onde os passageiros eram assíduos. Segundo o motorista Edson Sampaio, essa mudança fez com que muitos usuários migrassem para outras linhas em busca de mais comodidade. Um diferencial do Zebrinha, é que ele não precisa parar exclusivamente em pontos fixos de ônibus e o embarque e desembarque podem ocorrer em outros locais seguros, conforme a demanda dos passageiros.
Embora as cores já não sejam as mesmas, os Zebrinhas que muito mudaram ao longo dos anos, seguem vivos na memória dos moradores da capital. Para muitos, são mais do que um meio de transporte, é um símbolo de um tempo em que a cidade possuía um toque especial de cor, identidade e uma nostalgia que deixam o coração quentinho.
Patinetes elétricos chegam à Águas Claras para período de testes
Os patinetes elétricos compartilhados chegaram ao Distrito Federal, em Águas Claras e no Plano Piloto para uma fase de testes, por meio de uma parceria com a empresa JET, que já opera em 16 cidades, como Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS) e Vila Velha (ES). O período experimental terá duração de 90 dias.
Os 672 patinetes estão distribuídos em estações virtuais, que podem ser consultadas no aplicativo da empresa, disponível para dispositivos iOS e Android. O aluguel tem tarifas variadas, a partir de R$ 0,25 por minuto, dependendo do horário e do dia da semana.
Os equipamentos circulam dentro de uma área delimitada pela empresa, e o usuário pode acompanhar os limites pelo aplicativo. Caso ultrapasse a área permitida, um alarme é acionado, e a equipe da JET entra em contato com o usuário. O patinete pode ser utilizado apenas por maiores de 18 anos, sendo permitido o cadastro de até cinco usuários em uma mesma conta.
“Esse serviço não gera custos para o GDF, que está cedendo o espaço para exploração experimental por 90 dias. A previsão da empresa é que, nas primeiras semanas, sejam realizados 5 mil cadastros”, explica o secretário de Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves.
Para evitar acidentes, a velocidade dos patinetes é controlada por GPS e varia conforme a região de circulação. Em ciclovias e ciclofaixas, o limite é de 20 km/h. Nas demais vias da cidade, a velocidade máxima é de 15 km/h, enquanto em áreas de segurança o limite cai para 6 km/h.
Os patinetes são equipados com amortecedores, farol, lanterna traseira, setas, freios dianteiro e traseiro com luz, buzina, indicador de velocidade e de nível de bateria, além de suporte para celular com carregamento por indução. O GPS permite o monitoramento em tempo real e conta com um sistema antifurto.