Ele nasceu a mais de 10 mil quilômetros de Águas Claras, mas fez da nossa cidade o seu lar. O chef polonês Rafal Mazurkiewicz de 37 anos, pai do pequeno Davi, está há seis anos na cidade. Após passagens por Portugal, Espanha e Catalunha estudando em escolas renomadas de gastronomia e trabalhando ao lado de chefs mundialmente respeitados. Rafal é proprietário do Atelier de Massas que oferece massas artesanais frescas e congeladas, feitas cuidadosamente por ele e sua equipe no Edifício Mirante do Parque, quadra 105 de Águas Claras.
Da infância em seu país natal, Rafal se lembra com saudosismo o que as crianças de lá e também do Brasil praticamente não compartilham mais hoje em dia: as brincadeiras de rua, brinquedos feitos por eles mesmos de materiais reciclados e pouca ou quase nada tecnologia. Simplicidade, porém com muita criatividade e diversão. E é claro, da neve. “Muita, muita muita neve”, enfatiza o chef. Foi nessa fase da vida que o menino europeu ouviu falar pela primeira vez do Brasil. Era fevereiro, nevava em Varsóvia (capital da Polônia), a paisagem estava branca, as pessoas dentro de suas casas tentando se aquecer, quando no noticiário da TV apareceu o carnaval que acontecia no Brasil. Rafal se lembra da ingenuidade em sua mente, tentando imaginar como aquelas pessoas podiam estar seminuas e dançando sendo que no seu país estava tudo congelado.
E também quando ia passar férias na casa da avó, ela e as amigas se reuniam para assistir novelas brasileiras. Apesar da pouca idade, ele se lembra que elas assistiam A escrava Isaura e Jerônimo. Um fato curioso é que em seu país toda dublagem era feita por homens, então mesmo que fosse uma personagem feminina, recebia a voz polonesa masculina. “Era estranho, mas divertido e depois minha avó e as amigas se reuniam para conversar sobre o capítulo que haviam assistido, marcou minha infância”, lembra Rafal.
Apesar do conhecimento adquirido através dos anos dedicados à gastronomia e toda experiência vivenciada mundo afora, a maior responsável pelo que o chef é hoje foi sua avó Malgorzata Ceglowka. Rafal estava sempre ao seu redor, tentando ajudar e querendo aprender tudo que ela fazia. A avó sabia fazer massas artesanais de dar água na boca. Isso foi o início e a motivação necessária para seguir o caminho gastronômico que pode ser conferido nos produtos que são sucesso em Águas Claras e Cidades do Entorno.
Profissionalização
Para chegar na posição em que está, não foi tão fácil. Terapeuta esportivo por formação Rafal nunca exerceu a profissão. Trabalhou em outras áreas antes da culinária, como marketing em vendas e como especialista em desenvolvimento de mercado, mas todos os caminhos apontavam para o seu dom – o de cozinhar. Mesmo no marketing seu serviço era voltado para atender restaurantes.
Foi quando decidiu entrar de vez no mundo gastronômico, fez dezenas de cursos de cozinha mediterrânea, entre outros. “Na Europa os cursos são mais acessíveis do que aqui no Brasil, e os professores são extremamente qualificados”, afirma Rafal. Ainda assim, aqui no Brasil ele tem procurado fazer cursos e entender mais da culinária brasileira que ele diz amar. Depois de trabalhar em alguns restaurantes no DF, ele viu que era hora de ter seu próprio negócio. Abriu a carteira e só tinha R$ 512, pensou bem, e decidiu começar devagar.
Comprou um pouco de matéria-prima para fazer as massas e fez ali mesmo na cozinha de casa uma pequena quantidade. Vendeu para os vizinhos e alguns conhecidos, que viraram fãs dos produtos. Com o dinheiro que ia entrando ele foi administrando para pagar as despesas e comprar mais matéria-prima. Adaptou o quarto de empregada e estendeu sua fabricação, produzindo um pouco mais, chegando a vender 70kg de massas em um dia. Cada vez mais pessoas ficavam conhecendo as massas e fazendo propaganda a outros. Contratou uma funcionária e os negócios iam bem, até que precisou alugar um espaço próprio.
Alugou uma pequena loja em Vicente Pires, e o negócio não parava de crescer, até que se estabeleceu em Águas Claras no Edifício Mirante onde funciona sua cozinha/loja e daqui a algumas semanas vai expandir mais uma vez, porém no mesmo endereço já conhecido pelos seus clientes. Hoje o Atelier de Massas conta com três funcionários. “Acredito que o sucesso venha do meu perfil exigente e da qualidade dos meus produtos. A comida precisa ser saborosa e com produtos saudáveis, o mais artesanal possível e ser bem elaborada. Tem um molho que faço que demora 12 horas para ele ficar pronto para comercializar”, ressalta o chef.
Dos pratos tipicamente brasileiros ele destaca a feijoada e a comida nordestina entre os seus preferidos. O acesso à carne bovina diariamente que para os europeus é raridade, o encantou e quando chegou no Brasil abusou do consumo. Só o arroz com feijão que ainda não conquistou de vez o paladar do chef, acostumado com pratos derivados da batata, comuns na Polônia. Mesmo com pouco tempo livre, sempre que pode ele adora experimentar as novidades de Águas Claras, considerada o novo pólo gastronômico do Distrito Federal. “A comida faz parte da nossa vida, sempre me interesso por comidas diferentes, estou sempre querendo conhecer coisas novas. Não é sempre, mas quando posso gosto de ir a restaurantes”, conclui.

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