O mês de março avança para o final, trazendo consigo as vozes ecoantes dos políticos que, sazonalmente, erguem a bandeira da valorização e proteção das mulheres contra a desigualdade no trabalho e as diversas violências que permeiam seu cotidiano. Contudo, em meio a essas palavras retumbantes, reverbera uma pergunta incômoda: onde estão os projetos de lei e os programas efetivos de proteção às mulheres? Onde estão as leis mais severas contra seus agressores?

O dia 8 de março, internacionalmente dedicado à celebração da mulher, serve não apenas como uma data de homenagem, mas também como um momento crucial para trazer à tona essas discussões urgentes para a sociedade. A violência contra as mulheres transcende a esfera física; é um mal que se insinua nas entrelinhas do cotidiano, nas sutilezas do machismo e do sexismo que permeiam as interações humanas. Não podemos mais fechar os olhos para o presente, pois é nas brechas do hoje que se molda o destino das gerações futuras, testemunhas de um legado de desigualdade.

Segundo o relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o ano de 2023 testemunhou um aumento alarmante de 1,6% nos casos de feminicídio em relação ao ano anterior, totalizando 1.463 vidas ceifadas pela violência de gênero. Em meio a esse cenário sombrio, surge a indagação: onde está o tão proclamado “Governo do AMOR” que prometera lutar em prol dos menos favorecidos? Será que as mulheres não se enquadram nessa categoria de menos favorecidos, ou será que a retórica política falha ao encontrar eco na realidade gritante das estatísticas?

Enquanto as promessas de proteção se dissipam no ar, as mulheres continuam a enfrentar um cenário de vulnerabilidade crescente, clamando por ações concretas e não apenas por discursos eloquentes. O desafio persiste em transformar as palavras em políticas tangíveis, em garantias efetivas de segurança e igualdade para todas as mulheres, em todas as esferas da sociedade. Enquanto isso, o silêncio ensurdecedor das autoridades repercute como um eco doloroso nas vidas perdidas e nos sonhos interrompidos dessas mulheres e de seus frutos existentes e potenciais.

Então, enquanto o sol continua a banhar as ruas com sua luz matinal, é hora de agir. É hora de dar voz aos pedidos de socorro para que o som mais silencioso tome as devidas proporções e assim passemos a exigir dos nossos representantes políticos medidas efetivas de proteção às mulheres. Porque só assim poderemos verdadeiramente celebrar a igualdade e a dignidade de cada ser humano, independentemente do gênero. E só assim poderemos construir um futuro onde todas as mulheres possam florescer livremente, sem o peso das correntes da desigualdade a arrastá-las para baixo.

Por: Didi Rodrigues

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