A pista de skate ao lado da estação Concesisonárias tem gerado conflitos entre praticantes, moradores e o poder público. Enquanto uns querem a permanência e reforma da estrutura, outros querem a retirada do espaço esportivo. Enquanto isso, o poder público não tem solução para o impasse.
Esportistas e praticantes do esporte reivindicam melhorias e manutenção da pista, que foi construída em 2012 a partir de uma parceira público-privada. A Administração cedeu o terreno e também é ela quem responde por qualquer alteração na obra. Do outro lado, moradores dos condomínios próximos à área solicitam ao órgão administrativo a demolição do local, que já foi denominado por algumas pessoas de “Cracolândia de Águas Claras”, tamanha a presença de usuários de drogas ilícitas.
Moradores contrários
O Procurador Federal e síndico do Residencial Villa Mateus, Tarcísio Bessa, realizou uma pesquisa de opinião junto a 66 moradores do prédio que representa. Dentre eles, 61 moradores votaram para que a pista seja retirada do local e implantada em outro endereço, com estrutura e segurança adequada, alegando problemas oriundos do tráfico de drogas na praça e barulho excessivo após as 22h, para tal ponto de vista. Os outros cinco moradores presentes na assembleia, votaram pela manutenção da pista desde que haja revitalização e controle de horários para uso.
O Residencial Acqua Marine comunicou por meio de ofício à Administração sua preocupação com a continuidade da pista de skate na região. Segundo o representante do condomínio, Rafael Flores Campolina, “a proximidade com a estação do metrô facilita a locomoção dos usuários de drogas, bem como dos traficantes, que se misturam no meio das pessoas de bem, seja no transporte público ou na praça em que está localizada a pista de skate”. E complementa: “com a grande utilização da pista, o sistema de limpeza urbana não dá conta da demanda e por isso, há um grande acúmulo de lixo, que acaba colaborando para o aumento de infestações de roedores e insetos.”
Rafael Campolina afirma que é comum moradores e visitantes do condomínio reclamarem que seus veículos foram danificados e furtados na ruas próximas ao residencial e à pista de skate, solicitando, portanto a presença ostensiva da polícia. Ele estende sua preocupação para o “clima que está se criando entre os usuários do local e os moradores das redondezas. Já presenciamos situações de intimidação e confronto”, conclui.
Dezenas de ofícios e abaixo-assinados – um deles com 23 mil assinaturas – foram entregues nos últimos anos na Administração Regional solicitando a remoção da pista, a presença da polícia e melhoria na iluminação pública da área. Entre as principais queixas da comunidade estão o consumo permanente de drogas e entorpecentes, gritarias, discussões e lutas corporais frequentes, invasão da pista de skate com carros de som para realização de festas, relações sexuais explícitas, assaltos, furtos, danos ao patrimônio público e desvalorização dos imóveis na redondeza.
O desejo dos condôminos é que a praça volte a ser um espaço de convívio familiar, sem violência. Muitos deles reconhecem que não se deve generalizar e afirmar que todos os frequentadores da pista de skate estão de fato envolvidos com a marginalidade. Mas que muitos delinquentes se aproveitam para atrair adolescentes vulneráveis e aproveitar da aglomeração para extrapolar as atividades da área que a princípio foi destinada ao lazer e prática de esportes.
Pela manutenção
Em contrapartida, a Federação de Skate do Distrito Federal (FSKTDF), os esportistas que frequentam o local e a AMAAC (Associação dos moradores e amigos de Águas Claras) saem em defesa da permanência da Skate Park onde está. A FSKTDF requer da Administração a preservação da pista e que, segundo o presidente da Federação, Warleiton Dias, “é de interesse da comunidade local a permanência e manutenção, posto que em decorrência de uma minoria de viciados, que insiste em fazer do local área de consumo constante de drogas, a população tem sido intimidada.”
Jean Michell Castro frequenta a pista desde sua inauguração e tem representado aqueles que praticam atividades esportivas na praça. “Esses dias alguém postou uma foto de uma abordagem da polícia no local. Pode perceber que ninguém está com tênis de skate nos pés (fato que para Michell, prova que os usuários de drogas não são praticantes de esporte). Tem gente que usa droga ali sim, alguns pebas. Os skatistas querem o bom convívio do local”, afirma Jean Michell.
Na última quarta-feira (30 de agosto), funcionários da Administração Regional estiveram na Skate Park para manutenção da pista. O trabalho faz parte do programa Cidades Limpas, a operação tampou os buracos e removeu pedras soltas que traziam risc

Uma das possibilidades de construção da nova pista é no parque Sul, próximo à rua 25.
No projeto vencedor do concurso há uma área destinada à “patinação e lazer” que poderia receber a nova pista de skate

os para a comunidade, em especial às crianças.
Reuniões, conversas e debates acontecem entre os envolvidos na polêmica, mas nenhuma decisão foi tomada até então para que o impasse seja resolvido. Existem solicitações para construção de duas pistas de skate em Águas Claras – uma no Parque Sul e outra no Parque Ecológico, mas sem previsão de execução. O certo é que a pista não será demolida, pelo menos não tão cedo, por se tratar de um espaço público de lazer. Apenas pode ser retirado mediante a sua substituição por outro em local próximo. Enquanto não

Durante o projeto Cidades Limpas, a pista recebeu uma manutenção preventiva, apenas para evitar acidentes com os praticantes

se encontra solução, a pista fica como está:, com estrutura precária para a prática da modalidade e desagradando os moradores vizinhos. Perdem os dois lados. “O Poder Público, mesmo já tendo tomado providências junto aos órgãos de segurança quanto ao uso inadequado da praça, tem o dever do ouvir a todos (comunidade vizinha e skatistas), para se buscar uma solução viável para a continuidade e a manutenção da pista de skate da rua 37 sul. Não estamos dizendo que ela será retirada ou substituída, mas como os moradores tem reclamado constantemente, por escrito e em reuniões da comunidade, estamos impedidos de ampliá-la. O que temos feito é manutenção para garantir a segurança dos frequentadores, principalmente as crianças”, ressalta Valdeci Machado, administrador da cidade.

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