Não é preciso ir muito longe para se deparar com o caótico trânsito de Águas Claras, mesmo porque, dependendo do horário, você não conseguirá ir muito longe. Moradores novos e antigos da cidade rotulam com o mesmo adjetivo o tráfego na região: horrível! A diferença é que os moradores mais antigos tem a lembrança de uma época em que podiam sair de casa sem estarem presos ao relógio, cronometrando o tempo que falta para o horário do rush, evitando principalmente a zona central e as entradas e saídas da cidade (EPTG e EPVP).
Vez ou outra incidentes como o rompimento da adutora da Caesb recentemente (17 de agosto), deixa o trânsito ainda mais insuportável, levando motoristas à loucura, congestionando as vias, filas no metrô, ônibus atrasados, todos os meios de transportes terrestres comprometidos. Mas, os problemas pontuais e recorrentes têm deixado muitos moradores decepcionados.
A médica Maria Cremilda Lima, mora há dez anos em Águas Claras e relata que a princípio os prédios da cidade não eram para ser tão altos – no projeto original seriam de até 12 pavimentos, atualmente na cidade existem edifícios de 30 pavimentos. “Não existe um horário que seja considerado ‘melhor’ para sair de casa e não encontrar trânsito lento, toda hora é ruim. O ideal seria a construção de túneis, mas, por causa dos lençóis freáticos, acredito que seja inviável”, diz Maria Cremilda. A única solução razoável no ponto de vista da médica é um metrô que atenda à demanda confortavelmente e que estendesse até outros destinos.
Sem dúvida o maior problema no trânsito é por causa do adensamento populacional demasiado e não amparado pelas vias e ruas da cidade. Mais de 700 edifícios construídos e uma centena em construção, com cerca de 150 mil moradores e uma frota de 50 mil veículos no apenas no setor vertical. Estudo encomendado pelo presidente do Metrô-DF, Marcelo Dourado, calcula que o trânsito de Brasília será totalmente paralisado em 2020, caso não sejam adotadas providências firmes.
Mudança no acesso via EPTG
Com intuito de dar mais fluidez às marginais da Estrada Parque Taguatinga (EPTG), o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal desligará os semáforos do Viaduto Israel Pinheiro das 17 às 21 horas — período de fluxo mais intenso na região.
Os motoristas que saem de Taguatinga para Vicente Pires e Águas Claras, pela marginal que passa em frente à Residência Oficial de Águas Claras, terão de seguir por desvio para a Estrada Parque Vicente Pires (EPVP). Cones indicarão o sentido do tráfego para a via. Dessa forma, para chegar a Vicente Pires ou retornar a Taguatinga pela EPTG, será necessário entrar na EPVP até o segundo balão e, então, fazer o retorno até o viaduto.
A medida, assim como toda novidade, trouxe estranheza para os moradores. “Está meio confuso, parece que está todo mundo meio perdido, às vezes irritado por ter que fazer um trajeto mais longo (para quem quer chegar a Vicente Pires), mas se é para melhorar o congestionamento com certeza a população vai aderir”, diz Rogério Pereira, morador de Arniqueiras. O DER-DF afirma que as mudanças estão em caráter experimental e poderão se tornar definitivas.
Mobilidade
Uma saída alternativa e altamente sustentável que aliviaria os congestionamentos e a falta de estacionamentos na cidade seria a adesão da população ao uso de bicicletas como meio de transporte. A cidade conta com uma extensa ciclovia, que já foi polêmica, mas hoje é bem aceita pelos moradores, porém poderia ser mais utilizada. Programas de incentivo ao uso da bicicleta, melhorias nos meios de transportes públicos e estímulo à carona amiga devem estar entre as prioridades do governo para Águas Claras enquanto outras soluções eficazes não entram em ação.